Nova York Delirante: Parte 3 [frio, vento e chuva]

Chegamos à parte mais gelada da viagem!

Domingo e segunda foram dias de frio, vento e chuva. Uma coisa minha mente ansiosa sempre me fez questionar, desde a primeira viagem “grande” que fiz: e se chover? Ou, mesmo, e se o tempo não estiver bom?

Nova York, meus amigos, respondeu todas essas perguntas de uma vez só. Não foi apenas um dia frio, foram dias frios, chuvosos e com tempestades de vento. Que serviram para eu entender uma coisa: a gente sempre dá um jeito!

Esses dias começaram com uma intensa lamentação do porquê não havíamos levado guarda-chuvas (embora eu ache essa resposta meio óbvia – quem gasta espaço de mala com guarda-chuva?) e a decisão de não apenas comprarmos guarda-chuvas, mas também casacos mais pesados. Havíamos, sim, levado os nossos casacos brasileiros mais quentes e algumas camadas para usar por baixo, mas não foram suficientes.

Foi assim que conhecemos uma loja chamada Century 21th, que depois descobrimos ser uma das favoritas dos brasileiros, também no nosso já querido Brooklyn City Point. Definitivamente não estava em nossos planos comprar casacos, mas fizemos ótimos negócios. Não sei se posso dizer que a Century 21th é um outlet, mas é como se fosse. É uma grande loja de departamento que reúne diversas marcas (inclusive bem famosas) com preços mais baixos. Aliás, aproveitando o assunto, essa área do Brooklyn onde estávamos (acho que se chama Boerum Hill) é cheia de outlets e de lojas como a H&M e a TJ Max. Como não somos muito das compras, fomos apenas no outlet da Banana Republic, marca que gostamos bastante (e incrivelmente me cai muito bem) e realmente valeu a pena.

Mesmo com o mal tempo conseguimos chegar ao Central Park e passamos um tempo bem gostoso por lá! Estava acontecendo um casamento ao ar livre, num gazebo do parque, e eu fiquei encantada! E também com dó da quantidade de noivas com vestidos decotados fazendo ensaios pre-wedding, que fomos encontrando pelos caminhos hehehe

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No Central Park, de casacos novos, e ainda com frio (mas felizes, claro hahaha)

A ideia era subir até a área do parque em que conseguiríamos sair pela 5a Avenida na altura dos museus (começava minha jornada para chegar ao Guggenheim), mas no meio do caminho desistimos. Era muito vento.

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Um dia frio no Central Park.

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E o outono demorando a abrir espaço para a primavera chegar.

Ainda assim saímos pela 5ª Avenida e fomos andando por ela inteira, rumo a um dos restaurantes mais aguardados dessa viagem, o Hangawi!  Pode parecer bobo que tenhamos passado umas três horas apenas andando pelas avenidas, mas acredite: não é! Nova York, afinal, é isso. É a cidade, são os pequenos acontecimentos, é descer ou subir as avenidas e entrar aqui e ali, ver um prédio marcante, uma vitrine icônica – como a da Tiffany’s, por exemplo! É ver os bairros mudarem e as características de um e outro tornarem-se cada vez mais acentuadas.

Por fim, chegamos ao Hangawi um pouquinho mais cedo do que o previsto e tivemos a confirmação de um fato muito presente nessa viagem: é realmente necessário reservar os restaurantes. No total da viagem devemos ter reservado talvez uns quatro restaurantes e eu fiquei pensando como é a lógica de organizar essas reservas. Tentamos entender qual o tempo médio que cada mesa fica sendo utilizada, já que o ir e vir de pessoas é um verdadeiro jogo e as mesas estão sempre cheias.

O Hangawi é um restaurante coreano vegetariano. Da nossa lista, era o que mais queríamos conhecer, afinal trazia premissas bem diferentes da maioria do que já havíamos conhecido até então.

A experiência permeia cada detalhe do local. Iniciamos tirando os sapatos e os guardando numa grande prateleira da entrada, para podermos acessar um deck suspenso onde as mesas estão num nível abaixo e os bancos “encaixados” abaixo do nível do chão. Apenas esses detalhes iniciais já nos fazem entender que a experiência ali é diferente (e bem diferente!) do que estamos acostumados!

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A entrada do Hangawi.

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Sapatos!

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Uma mistura incrível de materiais: pintura rústica, cimento queimado e madeira.

Não pedimos ajuda, mas admito que é bem difícil de escolher o que pedir. Pelo menos pra gente era tudo muito diferente e algumas coisas não fazíamos nem ideia do que poderiam ser. Mas fomos arriscando, afinal estávamos protegidos pelo fato de ser um restaurante vegetariano! Não tinha muito como dar errado.

A princípio pedimos dois drinks, ambos com soju, uma bebida alcóolica nativa da Coréia, extraída do arroz. O Paulovic pediu um chamado Nirvana, com chá e extrato de gengibre (gostosa, mas um pouco “ácida” demais pra mim) e eu pedi o zen blossom, com lichia, flor de sabugueiro e vinho de lichia, que estava muito gostosa! Bem leve, não muito doce.

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“Zen blossom”

Ficamos tentandos a pedir várias entradas (fazemos muito isso – ir num restaurante e não pedir prato principal, ficar só pedindo entradas), mas decidimos conhecer o menu principal também.

Com isso, infelizmente, pedimos apenas uma entrada que, olha, deixou saudades… Foram os vegetarian dumplings. Dumplings são tipos de “bolinhos”, por assim dizer, feitos de forma diferente em cada lugar do mundo (talvez seja uma heresia o que eu vou falar, mas eu arriscaria dizer que nossos pastéis seriam nossos dumplings). Nesse caso eles pareciam pequenos pastéis em forma de meia lua, assados no vapor – uma massa tão fininha que chegava a quase ser transparente -, recheados com pedacinhos deliciosos de vegetais! Uma maravilha. Sério. Sério mesmo!

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Vegetarian Dumplings, do Hangawi.

Se escolher a entrada já foi difícil, imaginem então os pratos principais! Depois de olhar o menu de cabo a rabo, resolvemos ficar nos “rice bowls”, unindo a nova experiência a uma paixão já antiga: os bowls com arroz.

Eu pedi o Spicy kimchi stone bowl rice, “kimchi” é um preparado com repolho e como eu amo repolho, fui influenciada! O Paulovic pediu o Todok stone bowl rice. Ambos muito parecidos, com a diferença do meu ter o repolho (que veio separado) e o do Paulovic ter o “todok” (sinceramente até agora não entendi direito o que era, mas foi um tipo de vegetal (??) a mais). Chegaram dois bowls de pedra de verdade, quentíssimos (tão quentes que podíamos ouvir o arroz fumegando, enquanto grudava maravilhosamente nas paredes de pedra dos bowls). Sobre o arroz, os vegetais, e ao lado deles o molho picante. Quando menos esperávamos, após nos servir, o garçom pegou duas colheres e misturou, quase que como numa dança compassada, todos os ingredientes formando uma mistura única e maravilhosa! O aroma de tudo isso perfumava o ar. A essa altura, nossos estômagos já roncavam!

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Aqui nossos bowls ainda antes de serem misturados!

Sim, foi tão bom quanto parece. Uma mistura de arroz e vegetais incrivelmente temperados! Ah, e o arroz que ficou queimadinho e grudado no fundo? Pra esse não tenho nem comentários…

O Hangawi, para os nossos padrões, é um restaurante caro, mas que valeu tudo que foi investido! Do início ao fim uma experiência única, desde o ambiente, o nível de iluminação (baixo demais pra conseguirmos tirar fotos boas, mas suficiente para vermos a comida com todos os detalhes e na medida para a conversa das mesas ter um tom baixo e confortável, mantendo o ambiente gostoso). Não sei como seria a experiência para um carnívoro, mas como pessoas que comem pouquíssima carne (no meu caso, que nem carne vermelha come) simplesmente amamos! É incrível lembrar que era só arroz e vegetais… Principalmente se você for vegetariano, não precisa pensar duas vezes! E não esqueça: faça a reserva!

Voltamos pro hotel no mínimo felizes!

Para o próximo dia, segunda-feira, já tínhamos planejado ir novamente ao Museu de História Natural, que havíamos conhecido na vez anterior. O primeiro motivo é que dessa vez o planetário estaria aberto – o segundo é porque é sempre bom ver uns dinossauros. Vou resumir nossa passagem pelo Museu em: uma fila enorme num frio cortante (muito frio, muita chuva e muito vento MESMO) que nos fez agradecer por termos escolhido aquele dia pra ficar dentro do museu e achar que tudo bem passar a tarde toda lá, a exposição no planetário, que foi super legal, uma exposição com borboletas, em que você entra numa estufa e é rodeado por borboletas – que poderia ser legal se não fosse super quente e úmido lá dentro e se eu não tivesse ficado com muito dó das borboletas – e algumas outras exibições claramente feitas pra crianças. Mas valeu pela proteção do frio, devemos ter ficado facilmente umas quatro horas lá, porque quando saímos já era final de tarde.

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Borboletas no M

A ideia inicial era atravessar o Central Park rumo ao Guggenheim (não falei que ia começar minha saga pra chegar até ele?), mas se no dia anterior desistimos, na segunda era apenas completamente impossível ficar no parque, por conta do frio, do vento e da chuva. Resolvemos, então, mudar os planos e ir em busca do meu tão esperado penne alla vodka, um dos meus pratos preferidos da vida, perfeito para um dia como aquele! Já tínhamos selecionado um restaurante chamado Carmine’s, que diziam servir o melhor penne alla vodka de Nova York! Confirmamos se havia mesas (afinal era um horário estranho, tipo cinco da tarde) e seguimos para o Carmine’s do Upper West Side, bem perto dali. Encaramos o caminho a pé mesmo.

Entramos no Carmine’s como quem entra numa casa de vó aconchegante! A vibe do lugar, a decoração, tudo é feito pra isso!

Eu pedi um espumante (não resisto às bubbles, mesmo em dias de frio), o Paulovic um vinho tinto (mais sensato é o Paulovic) e juntos um único prato de penne alla vodka e  nada mais – já havíamos lido que os pratos lá eram grandes e o próprio garçom nos avisou que seria suficiente para três pessoas. Obedecemos, sabiamente. De cortesia ainda ganhamos muitos pãezinhos gostosos na mesa, de entradinha. O show do carboidrato! Uma maravilha!

Não tenho um conhecimento tão extenso em pennes alla vodka, mas com certeza aquele foi o melhor que já comi! E a decisão de pedir um único prato foi absolutamente acertada! Comemos muito (e olha que eu não sou de comer pouco) e sobrou quase metade… Se tivéssemos como levar pro hotel, com certeza teríamos levado.

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Penne alla vodka do Carmine’s – o melhor de Nova York!

Assim como no Hangawi, tudo no Carmine’s foi acertado! Da decoração ao garçom super simpático, que voltou da cozinha com a receita do alla vodka anotada num pequeno pedaço de papel, em caneta azul. Quer mais aconchego que isso?!

Saímos por volta das 18h30, com um tempo bem melhor do que quando chegamos. Incrivelmente energizados (afinal, energia dentro de nós não faltava naquele momento), resolvemos ir ao Financial District, onde eu queria muito conhecer o hub de transportes projetado pelo Calatrava, que eu havia visto sendo construído em 2015. No meio do caminho poderíamos passar pelo Eillen’s Special Cheesecake e comer o melhor cheesecake de Nova York! Afinal, já estávamos na chuva e já estávamos molhados, o que mais tínhamos pra perder?!

Entramos no metrô no Upper West Side e saímos na região de Lower Manhattan, a ideia era passar no Eillen’s e ir a pé até o Financial District, aproveitando o finzinho da luz do dia.

Eu sou suspeita para falar sobre cheesecake. Em geral gosto de todos, sem grandes cerimônias! Gosto muito dos da Cheesecake Factory, por mais “comida de rede” que ela seja – gosto inclusive da comida também – mas o Eillen’s foi uma dica que tivemos em 2015 e que vamos levar pra vida! Se não é o melhor cheesecake de Nova York de verdade, pra gente sempre será!

São muitos tipos! Precisaremos de várias viagens pra conseguir provar todos os sabores, que vêm em porções individuais (mas daquele jeito meio norte-americano, né? Bem generosas!). Dessa vez eu pedi o de salted caramel e o Paulovic o de caramel pecan. Ambos deliciosos! Caramelo salgado é, pra mim, um sabor sempre sem erro! Caramelo já é delicioso, com o toque de sal para ficar com o sabor ainda mais intenso é incrível! Mas devo confessar que a escolha do Paulovic estava ainda melhor que a minha! Noz pecan também é outro sabor irresistível!

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Caramel pecan e salted caramel no Eillen’s Special Cheesecake.

Ah! E como a foto mesmo mostra, o Eillen’s é um local super simples. Tem pouquíssimo lugar pra sentar, sendo em sua maioria cadeiras numa bancada alta. Os cheesecakes são servidos em pratos de papel e você mesmo pega talheres descartáveis e guardanapos.

De lá fomos andando um pouco mais até resolvermos pegar um metrô e encurtar o caminho.

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Onde World Trade Center – no Finantial District.

Aqui vou fazer uma pausa, porque ela existiu de fato. Em 2015, quando estive pela primeira vez no Memorial do 11 de setembro, vi que havia uma obra do arquiteto Santiago Calatrava sendo construída, que seria um hub de transportes/shopping center. Àquela época, me lembro de ter achado o formato do prédio um pouco estranho e ter achado que talvez não fizesse muito sentido ali onde está inserido.

Hoje o Calatrava é um arquiteto um pouco polêmico. Foi ele que projetou o Museu do Amanhã no Rio de Janeiro e é bem famoso por suas pontes esculturais, como a Ponte da Mulher, em Buenos Aires – a minha preferida de todas. Fato é que, com tantas obras pelo mundo, é de se esperar que algumas sejam boas, outras maravilhosas, uns pares meio duvidosas. Em alguns momentos o Calatrava acertou, em outros errou feio. Algumas dentro do budget, outras muito caras, enfim. Uma série complexa de obras mundo afora. Eu, que amo estruturas, sigo gostando bastante das obras do Calatrava como um todo, e não poderia deixar de ver com meus próprios olhos, essa obra que já foi tão falada.

Confesso que cheguei livre de expectativas, pois sobre ela tinha ouvido falar mais aspectos negativos do que positivos, e foi então que a pausa aconteceu.

Quando eu saí do metrô e dei de cara com a obra, fiquei sem palavras por um momento. Ela me tirou o fôlego. A maneira como seu formato de pássaro dialoga com o Memorial e o que ela representa inserida naquele contexto estão numa comunhão tão grande que é indescritível. Algo que é preciso sentir. Na verdade, algo que é preciso deixar ser sentido.

Para além de discussões de orçamento, para além de discussões das obras de um arquiteto, a força plástica daquele prédio é maravilhosa!

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Hub de transportes do Calatrava no Memorial do 11 de Setembro.

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A força plástica do projeto.

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Ainda sobre a força plástica dessa estrutura.

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Do lado de dentro!

O Memorial é outro local imperdível. É de uma delicadeza ímpar. O local onde antes era uma das torres gêmeas e que hoje é um “rio de lágrimas que não cessam nunca” é a homenagem mais linda que já vi em toda a minha vida. Conheci em 2015 durante o dia e esse ano durante a noite, o que parece ter deixado tudo ainda mais lindo.

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As lágrimas que não cessam nunca.

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A praça do Memorial durante a noite.

E foi assim, depois de tantas experiências nesses dois dias, de tanta comida boa, de encontros emocionantes e muito frio, vento e chuva, que finalizamos a parte gelada da viagem! Voltamos ao hotel ansiosos pela terça-feira, primeiro de maio, quando começaríamos nossas comemorações de aniversário de casamento (comemoramos sempre o dia 1 e o dia 2 de maio, pois as datas de aniversário de casamento e de namoro são as mesmas, e o namoro começou meio que num limbo entre um dia e outro e se podemos comemorar por dois dias, por que comemoraríamos apenas por um?).

Nessa madrugada, alguma coisa muito estranha aconteceu com o clima. Acordaríamos na terça-feira com um sol intenso e quase 30 graus. Mas isso fica pra depois!

Se você chegou até aqui, muito obrigada!! Nos vemos semana que vem, com a parte mais romântica da viagem! ❤

 

 

 

Nova York Delirante – Parte 2 [Brooklyn Bridge, brunch mediterrâneo e High Line]

* Título carinhosamente (hehehe) “roubado” ao livro Delirious New York, de Rem Koolhaas: para saber mais, clique aqui!

Winter, too cold to write
on the bolts of the beams
in the steel bridge
High,
overlooking whole auroras
of Sangsara sun dusk
down by the Statue of Liberals holding
soon to be lighted
torch to the dim dank
Atlantic famous sky
where Greek ships plow
(…)

[Brooklyn Bridge Blues, Chorus #1 – From unpublished poems by Jack Kerouc]

Pontes. Há algo de absolutamente impressionante nelas. Sempre fui apaixonada por pontes, mesmo antes da arquitetura. De pinguelas a estruturas grandes e elaboradas, há uma intensidade plástica e uma força intensa em seus elementos. Além de todo o significado de ligar dois pontos separados por algum evento de força maior, como a água ou a altura.

Ao longo dos anos me tornei uma apaixonada por pontes, não só por sua beleza e por seus projetos, mas também pela experiência. Minha melhor e mais inesquecível experiência com pontes foi atravessando a pé a Golden Gate, em São Francisco. Plasticamente, a preferida segue sendo a Puente de La Mujer, em Buenos Aires.

Não é estranho, então, que nossa maneira de chegar do Brooklyn a Manhattan, pela primeira vez nessa viagem, tenha sido atravessando a pé a Brooklyn Bridge, a mais famosa entre as pontes de Nova York!

Era uma manhã ensolarada e fria (bem fria) de sábado e seguíamos a caminho de um brunch no Timna, restaurante de cozinha mediterrânea israelense no East Village, reservado para o meio dia. A distância a partir do nosso hotel era de quase 6km, mas por que já não aproveitar 6km de cidade? Afinal, Nova York é muito mais sobre o “estar na cidade” do que qualquer outra coisa.

Preciso dizer que estava animadíssima com a ideia da ponte, mas fiquei absolutamente decepcionada. Foi a pior experiência desse tipo. Talvez por ser sábado, mas acredito que principalmente pela maneira como o ir e vir é organizado sobre ela. É muita gente. Muita gente mesmo! Pessoas parando o tempo todo para tirar fotos e conversar – normal, tudo bem. Mas numa ponte estreita, onde os caminhos de ida e vinda se encontram (e se trombam) o tempo todo e onde se mistura quem está a pé e a passeio com quem está praticando corrida e com quem está andando de bicicleta é no mínimo confuso. Em um determinado momento tivemos que parar de curtir o caminho pra entender como chegar do outro lado… Foi minha única experiência na Brooklyn Bridge, não sei se é assim sempre, se durante a semana é mais tranquilo, mas saí dela com uma tristezinha de quem queria ter ficado com a experiência idealizada na memória, e não com a realidade.

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Manhattan através da Brooklyn Bridge.

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Brooklyn Bridge.

Da saída da Brooklyn Bridge até o Timna andamos quase uma hora e meia, passando por vários bairros com características bem distintas. Foi uma ótima escolha de início de passeio, ir curtindo as ruas, vendo as mudanças e nos sentindo inseridos cada vez mais no contexto particular de Manhattan.

O East Village é um dos bairros que trazem aquela imagem da Nova York de filmes e seriados – aquela, que a maioria de nós tem na memória!

Chegamos em cima da hora no Timna, que como muitos lugares incríveis da cidade, passa facilmente despercebido na rua, e que se revelou um lugar absolutamente encantador, não apenas pela comida, mas também pelo ambiente! Começo dizendo que nunca havia passado pela minha cabeça a ideia de um brunch “mediterrâneo israelense” e finalizo afirmando: que ideia genial!

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Timna: como não amar?

Não é barato, pagamos $39 cada um pelo brunch com espumante à vontade, mas sinceramente foi um valor indiscutivelmente bem empregado! Existe a opção do brunch sem o vinho, a $29, mas, né? hehehe

Acredito que tenhamos ficado cerca de uma hora e meia por lá, chegando ao meio dia. O brunch se inicia com uma seleção de entradinhas e molhos e pão pita bem quentinho. Para acompanhar, você pode pedir café, chá ou suco de laranja. Em algum momento a sua escolha de espumante (que no nosso caso foi rosé, claro!) começa a encher seu copo de bico de jaca (agora só quero tomar vinho no copo!) e nunca mais ele ficará vazio. Me diga se não é maravilhoso aquele clima alegre e calmo de brunch no final de semana, num ambiente aconchegante, com uma música ambiente gostosa e o som das rolhas dos espumantes estourando?

Seguindo o cardápio, você pode escolher um prato principal, que no meu caso foi o “Timna’s Falaffel” e para o Paulovic foi o “Shwarma”.

Eu poderia viver de sábados que se iniciassem com o prato que pedi: uma seleção de falafels (aquele bolinho de grão de bico) quentinhos e crocantes, junto com um curry de iogurte e tahine e um molhinho de tomate.

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O tal do vinho no copo e as entradas maravilhosas!

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Meu prato!

Já o do Paulovic era uma mistura de carne de galinha e de cordeiro, hummus, alguns outros molhos e uma cebolinha caramelizada!

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O prato do Paulovic!

Acredito que nenhum de nós estivesse esperando que o Timna fosse nos surpreender tanto com seu brunch! Sabe quando você sai do lugar já querendo voltar ou, melhor, nem querendo sair? Desde o início até o fim a experiência foi incrível! Tanto o ambiente quanto o atendimento, quanto a comida! Tudo valeu a pena, e isso é o mais importante!

Saímos de lá por volta das duas da tarde do sábado, com aquela preguicinha pós-almoço gostoso regado a espumante, e para curtir um solzinho no Tompkins Square Park passamos em outra boa surpresa pelo caminho, a Big Gay Ice Cream, onde escolhemos duas casquinhas deliciosas e divertidas, bem diferentes da onda dos gelatos que estamos vivendo no Brasil (que, não me entendam mal, também têm todo o nosso amor).

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Tive que apelar pro Google, porque não tiramos nenhuma foto do sorvete… (link da imagem)

Quando nos sentimos preparados para seguir viagem, resolvemos andar mais um pouquinho até o High Line, um dos meus lugares preferidos em Manhattan e uma experiência absolutamente incrível!

Durante o percurso, mais ruas “de cinema”, passando pelo Greenwich Village e chegando no Chelsea.

O High Line é um parque linear suspenso, nascido no local de uma antiga linha de trem abandonada, que atravessa três regiões de Manhattan (Meatpacking, West Chelsea e Midtown West), literalmente se inserindo entre os prédios. Com uma certa licença poética vou dizer que ele é um cordão verde em meio à densidade das construções. Com certeza é um passeio imperdível, pois é uma experiência que, acredito, não existe em nenhum outro lugar do mundo, uma maneira muito diferente de se vivenciar não apenas um parque, mas também a cidade, de apreender a cidade de outra maneira, a partir de ângulos que não são possíveis quando estamos nas ruas e percursos que não são permitidos quando observamos através de janelas. O High Line não deixa de ser, pensando bem, um outro tipo de ponte.

(…) Em 1930, quando a High Line foi construída, estes bairros eram mais ocupados por indústrias e empresas de transportes. Agora, principalmente após a construção do parque, os galpões e fábricas estão sendo convertidos em galerias de arte, studios de design, lojas, restaurantes, museus e residências.

A grande sacada da High Line foi reciclar uma linha de trem antiga e abandonada num parque verde, agradável e elegante. Além dos jardins, foram instalados bancos para leitura, descanso ou mera contemplação do Rio Hudson e do ritmo de vida dos nova-iorquinos. (…)

(Fonte: https://novayork.com/high-line)

Para os arquitetos, o percurso do High Line ainda traz a proximidade com edifícios projetados pelo Frank Gehry, pela Zara Hadid, pelo Jean Nouvel e, atualmente, com a construção de edifícios do BIG!

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A antiga linha do trem.

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Um dos muitos e deliciosos lugares pra passar um tempo no High Line…

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Tive que apelar para fotos de 2015… hehehe Acabamos não tirando muitas dessa vez =(

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Sigo no apelo das fotos de 2015…

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Uma das minhas partes preferidas do High Line, uma moldura para a cidade!

Num momento da caminhada nos deparamos com uma construção absolutamente estranha, que por mais que tentássemos não conseguíamos nem começar a entender. Era uma mistura de escadaria com uma forma que parecia um… transformer! Mais tarde descobrimos ser uma obra chamada “Vessel”, a partir de um artigo da New York Times chamado “A $150 MIllion Stairway to Nowhere on the Far West Side”. O que, na verdade, nos manteve confusos. Agora, pesquisando um pouco mais, comecei a entender que é uma intervenção artística realmente composta por escadas, muitas, muitas escadas, que propõe também uma maneira diferente de vivenciar o ambiente urbano e, creio eu, apreendê-lo. Mais ou menos como nos traz o High Line. Clicando aqui tem um artigo bem interessante que explica a história toda. Vou me limitar a dizer: aguardemos.

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Vessel: muitas escadas.

Nesse momento me pego pensando, sentada em frente à tela do computador, o quanto andamos naquele dia! Não é a toa que ao cair da noite estávamos exaustos e, mesmo sendo sábado (afinal, que diferença isso faz quando estamos de férias, não é mesmo?), resolvemos voltar cedo para o Brooklyn e jantar no City Point Brooklyn , onde escolhemos o Kotti Berliner Döner Kebab, um restaurante berlinense de comida turca, maravilhoso! Pesquisando agora vi que inclusive ele foi um dos ganhadores do ano do prêmio  “Time Out Love Award” da Revista Time Out (uma das nossas referências em viagens)! Estávamos tão cansados que no processo de montagem do prato não conseguimos nem escolher os “toppings” que queríamos e pedimos “todos”… hahaha! A foto abaixo não nos deixa espaço para dúvidas de que foi um pouquinho exagerado…

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Às 21h, já de volta ao hotel, meu relógio mostrava 31.094 passos e 23,72km rodados! Que ideia sábia a de descansar um pouco mais para os próximos dias (o que ainda assim foi insuficiente).

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E assim termina mais um dia em Nova York! Tão longo que precisou de um post inteiro só pra ele!

Nos vemos nos próximos quilômetros rodados!!

Nova York Delirante – Parte 1 [boas descobertas no Brooklyn!]

* Título carinhosamente (hehehe) “roubado” ao livro Delirious New York, de Rem Koolhaas: para saber mais, clique aqui!

Nossa viagem começa num vôo diurno e lotado para Miami, cheio de famílias rumo à Disney e poucas pessoas com destino a outros lugares. Passa por muita aflição na fila da imigração, enquanto víamos nosso pouco tempo de conexão se esgotando len ta men te (e a fila não diminuindo) e é coroado por uma corrida alucinante pelos portões de embarque, depois da segurança nos dizer que provavelmente havíamos perdido o vôo e logo após voltar atrás nos informando que teríamos três minutos pra chegar até ele – todos os nossos treinos de perna serviram para brilharmos naquele momento e chegarmos a tempo (com o coração aos pulos e falta de ar, mas a tempo)!

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Como não amar voar, com vistas como essa?!!

Muitas horas, muito agito e muita confusão depois, finalmente desembarcamos no Aeroporto de LaGuardia, numa quinta-feira à noite, onde pegamos um uber e seguimos em direção ao Brooklyn, vendo aqui e ali o skyline de Manhattan ao longe.

Chegamos ao hotel por volta da meia noite e resolvemos, a partir de nossa programação desprogramada, passar a sexta-feira pelo Brooklyn mesmo, descansando um pouco e nos preparando para os dias seguintes. Também queríamos fazer algumas compras, que já estavam nos planos. Inclusive, bem sem querer, fomos parar numa área cheia de outlets e lojas ótimas para compras. Por não ser muito nosso estilo ficar fazendo compras, resolvemos concentrar tudo em um único dia para ficarmos “livres” depois (o que não necessariamente aconteceu hehehe).

Provavelmente já comentei aqui várias vezes que em viagens não costumamos parar para almoçar, preferimos investir mais no jantar e aproveitar esse momento com calma, tomando um drink, conversando e descansando nossos pés e pernas (e costas, porque estamos sempre carregando umas mochilas pesadas, pro desespero de nossas mães), que provavelmente trabalharam arduamente durante o dia. Pra seguir essa programação, costumamos comer bem no café da manhã e durante o dia fazer algum lanchinho apenas. Dessa vez foi um pouco diferente pois, como falei no post anterior, não tínhamos café em nosso hotel, que servia apenas algumas opções no restaurante/bar do lounge, onde comemos no primeiro dia mas vimos que não seria a melhor opção.

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Nossos cafés da manhã no hotel… Gostoso, mas não valia a pena o investimento todos os dias!

Então, na sexta-feira de manhã fizemos algumas compras, inclusive chips para nossos celulares, e pelo meio da tarde estávamos prontos para almoçar e ir ao Trader Joe’s, nosso supermercado preferido nos Estados Unidos, que ao acaso descobrimos ter uma loja ali pertinho da gente!

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Eu tirando foto com o Trader Joe’s é tipo alguém no Brasil tirar foto com o Pão de Açúcar hahaha Mas fica aí o momento registrado.

No uber e já no Brooklyn a caminho do hotel, na noite anterior, passamos em frente a um local que parecia um “complexo” de compras, onde vimos que havia um Trader Joe’s (o que por si só foi uma surpresa, já que é uma rede que se concentra bem mais na Califórnia e é relativamente difícil de encontrar em outros lugares) e junto dele uma série de nomes de restaurantes. Na sexta, então, resolvemos passar pelo supermercado (quem já viu uma das nossas malas de viagem voltando dos Estados Unidos entende quando dizemos que elas vêm, literalmente, recheadas de temperos e coisinhas de supermercado) e descobrimos um dos lugares mais legais da região em que estávamos hospedados: o City Point Brooklyn! Um verdadeiro complexo, com uma grande praça de alimentação, que nos lembrou muito o nosso querido Mercado da Ribeira – uma de nossas experiências gastronômicas preferidas de Portugal (posts de Portugal aqui!) -, lojas, cinema, espaços residenciais e comerciais!

Nesse primeiro dia, no City Point, comemos pokès deliciosos do Wikiwiki, que diz vender “hawaiian comfort food” e sem dúvida faz isso mesmo! Quem não ama os pokès havaianos com aquele contraste maravilhoso entre o arroz quentinho e o peixe cru frio?! Para acompanhar, pegamos dois copos de espumante no Brooklyn Wine Cellar, ouvindo sugestão dos dois atendentes super agradáveis e atenciosos, para brindar finalmente nossa chegada!

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Não tiramos UMA foto do lugar… mas fica aí nossa primeira selfie da viagem, que na verdade mandamos no grupo da família no WhatsApp! 😉

Voltamos apenas mais uma vez à praça de alimentação do City Point, mas se ficássemos mais tempo com certeza voltaríamos outras vezes pois, assim como o Mercado da Ribeira, é o tipo de ambiente que combina muito com nosso estilo! Barraquinhas de comida muito boa e preço bom (dizer “muito” aqui também já seria exagero hehehe) para comer despretensiosamente. Uma boa dica é que, entre todas as opções incríveis, também está uma barraquinha do Katz’s, uma delicatessen de culinária judaica super tradicional em Nova York (o restaurante original fica no Lower East Side, em Manhattan) e conhecidíssima por seu sanduíche de pastrami, considerado o melhor da cidade! Eu não como pastrami, mas quando fomos a Nova York em 2015 encaramos uma bela fila (sim, fila pra entrar mesmo) e o Paulovic, que experimentou o tal sanduíche, confirma que é incrível! Eu comi um outro tipo de lanche, que me lembro estar maravilhoso também! Grandes, enormes, acho que ficamos sem fome por muitas e muitas (e muitas) horas depois, na época.

Seguindo nossa programação, deixamos as compras no hotel e fomos ao Atlantic Terminal Mall, para ver algumas outras coisas e para, depois, recolher umas encomendas no Amazon Locker do Whole Foods, que ficava ali pertinho. Foi então que resolvemos, também, aproveitar o mercado (de novo hehehe) para improvisar alguns cafés da manhã no quarto, aproveitando que tínhamos no quarto um frigobar (vazio) e uma cafeteira cheia de cápsulas! Acho curioso que muitos hotéis nos Estados Unidos têm cafeteira no quarto e dessa vez, mais do que nunca, veio muito bem a calhar! Compramos algumas coisas básicas, mas que funcionaram super bem! Tenho saudades de quando eu tomava leite de amêndoas todos os dias nos meus dias de Califórnia e resolvi aproveitar comprando a maior embalagem disponível – alguém já viu os tamanhos das embalagens dos Estados Unidos? Compramos também iogurtes, castanhas, morangos, hummus e torradas. Dá pra dizer que passamos é muito bem!

Nesse primeiro dia já tínhamos indícios de que realmente faria muito, mas muito, mais frio do que poderíamos imaginar… É engraçado, mas andando pelas ruas e mesmo entrando nas lojas, nos primeiros dias não tínhamos aquela sensação de estar num outro lugar, sabe? Acho que ainda estávamos meio desconectados.

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A Apple Store LINDA do Brooklyn e o céu nada amigável que já mostrava que essa primavera estava mais para um outono severo…

Na volta ao hotel, já de noite e muito cansados, resolvemos procurar um lugar apenas pra tomar um vinho e relaxar um pouquinho, já que havíamos almoçado no final da tarde e não queríamos jantar. Dando uma olhada no Foursquare encontramos um local chamado Café Paulette, relativamente perto, e por volta das nove da noite fomos pra lá.

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Fachada do Cafe Paulette.

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Cartão postal fofo!

Que boa escolha! Um pequeno bistrô francês, com donos e funcionários franceses falando inglês com um sotaque carregado!

Dentro daquele ambiente tão gostoso e tão hermeticamente isolado da área externa, sentimos que poderíamos estar em qualquer lugar do mundo, uma sensação ao mesmo tempo boa e estranha, como se estivéssemos em um limbo.

Pedimos nosso vinho (se não me engano um Cabernet Franc, que estava muito bom!) e uma entradinha para acompanhar. Só esquecemos que nos Estados Unidos os pratos costumam ser muito “bem servidos” e pra quem não tinha fome, acabamos exagerando!

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Pão maravilhoso no Cafe Paulette!

Não tem o que dizer desse pão da foto! De produção própria e fermentação natural, era ao mesmo tempo macio e crocante, com uns pedacinhos de castanha e um toque doce, possivelmente de damasco. Daqueles de comer puro, sem parar! Veio como acompanhamento de uma tábua de queijos, que pedimos imaginando que fosse algo simples, apenas para beliscar. Assim como o “Gravlax de Saumon”, que imaginamos que seria um pouquinho só de salmão. As imagens não negam o quanto nos enganamos!

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Vinho, pão e queijo! ❤

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Salmão defumado e muito amor!

Provavelmente, se tivéssemos pesquisado antes, o Cafe Paulette não teria sido uma escolha. Mas que boa surpresa tivemos!! Não imaginamos que fôssemos comer tão bem (e tanto!!) nem que encontraríamos um lugar tão gostoso para passar a noite desse primeiro dia!

No próximo, então, já começamos nossas andanças por Manhattan! Mas essas ficam guardadas para os próximos posts! 😉

Até semana que vem!

Nova York delirante [prólogo]

* Título carinhosamente (hehehe) “roubado” ao livro Delirious New York, de Rem Koolhaas: para saber mais, clique aqui!

Nova York é uma cidade meio indescritível. Vira e mexe me perguntam qual é meu lugar preferido, dos que já tive a oportunidade de conhecer, e a resposta está sempre na ponta da língua: meu lugar preferido é Barcelona, mas minha cidade preferida é Nova York.

Essa é a melhor e talvez a única resposta possível!

Cresci assistindo a filmes e séries passadas em Nova York e de alguma maneira aquelas ruas, aqueles prédios, já me eram familiares. Estar imensa no pequeno universo (tão apertadinho, se pararmos pra pensar bem) que é Manhattan, pra mim sempre será algo especial. Isso sem me alongar aqui falando sobre arquitetura (deixemos para um próximo post).

O Central Park, o East e o West Village, a quinta avenida, o Soho, a Times Square, o Upper East Side, as escadas do MET… Apenas poder estar nesses lugares, poder vivê-los, já é demais!

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Atravessando a Ponte do Brooklyn.

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One World Trade Center.

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Uma roubadinha com uma foto de 2015: escadas do MET (quem aí sabe qual a referência dessa foto?)

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Central Park

Estive em Nova York pela primeira vez em 2015, numa viagem que deixou muito espaço para um aguardado retorno e acho que só acreditei que realmente havia retornado quando já estava lá no Brooklyn, no segundo dia de viagem esse ano!

Além de tudo, dessa vez tínhamos um motivo muito especial: eu e Paulovic estávamos comemorando três anos de casamento e dez (DEZ!) anos juntos! Embarcamos, então, com poucas certezas e pouquíssima preparação, mas o resultado foram dias incríveis!

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Uma selfie num fria frio de primavera, no Central Park!

Não tínhamos uma grande flexibilidade de datas, já que queríamos muito estar lá no dia 2 de maio (dia do nosso casamento e início de namoro), então acabamos marcando a viagem bem num período de transição de temporada, entre o inverno e a primavera, o que nos trouxe preços ainda mais altos. Nova York é uma cidade bem cara, só que talvez, por estarmos acostumados com São Francisco e o Vale do Silício, que acredito serem ainda mais caros, não ficamos tão assustados – mas pensando na diferença que já senti quando estive em Los Angeles, os preços me parecem meio assustadores, ainda mais com o dólar em alta (quando fomos da primeira vez pegamos o dólar no cartão em torno de R$4,20!!). Com isso, não conseguimos reservar um hotel em Manhattan, então resolvemos ficar no Brooklyn, o que nos trouxe cerca de meia hora de metrô todos os dias para ir e vir, mas também uma boa vizinhança – em 2015 ficamos em New Jersey, mas a apenas 10 minutos de ônibus da Port Authority e da Times Square.

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Esse período de transição de estações também fez com que vivêssemos uma verdadeira loucura climática e uma quebra total na organização de nossas malas, todas pensadas para um período de meia estação um pouco mais geladinho (vínhamos acompanhando o clima de Nova York e vendo que ainda estavam acontecendo nevascas em abril e que estaria mais frio do que de costume). Passamos por muito mais frio do que poderíamos imaginar e pela primeira vez numa viagem, pegamos chuva. Tivemos que comprar guarda-chuva e casacos mais pesados, simplesmente porque era impossível nos virarmos com o que tínhamos – sério, era MUITO frio. Na segunda-feira, dia 30 de abril, foi o dia mais gelado de todos, com um vento cortante e uma chuva fininha. Resolvemos ir ao Museu de História Natural (já tínhamos ido da outra vez, mas queríamos ver o planetário, que em 2015 não estava aberto), onde ficamos quase a tarde toda, porque não aguentávamos ficar na rua – a ideia inicial era ir ao Central Park e atravessá-lo até o Upper East Side, onde iríamos ao Guggenheim. Eu acho que nossos celulares marcaram 5°C nesse dia, mas com certeza a sensação térmica era ainda menor.

O que aconteceu na madrugada desse dia para primeiro de maio? Não sei. Mas amanheceu muito sol e muito calor. Claro que duvidamos que estava tão calor e saímos de casaco – para nos arrependermos amargamente, porque os celulares marcavam facilmente mais de 30°C! E até voltarmos para o Brasil o calor só foi piorando, a ponto de no penúltimo dia precisarmos comprar roupas de verão, simplesmente porque era impossível andar na rua, de tanto… calor!

Mas não houve contratempo climático capaz de nos impedir de colocar nossas perninhas em ação, e nem com meus pés todos machucados (por conta de uma péssima escolha de sapato em uma ocasião), andamos uma média de 20km por dia!

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Meu relógio às 21h do primeiro dia de viagem!!

A grande graça de Nova York é exatamente essa: andar pela cidade, vivê-la. Vê-la de baixo, vê-la de cima, ver as claras diferenças entre um bairro e outro, uma parte e outra, atravessar as pontes, conhecer os píers, ver o skyline maravilhoso de Manhattan de todos os lados e ângulos possíveis, aproveitar todos os parques, todas as praças!

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Dando uma esticada no High Line!

O mais legal é que esse tipo de passeio é praticamente de graça, mesmo numa cidade muito cara! O máximo que você vai pagar é um cartão de transporte público e uma ou outra entrada. E ainda ganha um ótimo exercício!

Nossa viagem desse ano foi exatamente assim, pouca programação, muita andança e muito espaço pra abraçar as oportunidades que foram surgindo, e posso dizer que foi maravilhoso!

Eu só fiz questão de uma coisa: subir no Top of the Rock para ver o pôr-do-sol e a cidade se acendendo. Existe esse momento e pra mim ele é mágico! O sol em si, pra mim, ficou em segundo plano, mas as luzes da cidade começando a brilhar, por todos os lados, em sintonia, quando a noite começa a vir, é incrível! Eu amo ver as cidades de cima, ver as ruas, os prédios, as casas, os carros, as pessoas. No caso de Manhattan, como o espaço é bem delimitado, é incrível poder ver todos aqueles lugares por onde você andou lá do alto, encontrar uns pontos de referência, ver as diferenças entre prédios mais antigos e mais novos e, no meu caso, ver o meu prédio preferido, lá de cima: o Empire State! Eu poderia ficar horas aqui descrevendo o que é essa experiência para mim, mas vou me limitar a dizer que é insubstituível.

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Empire State visto do Top of the Rock!

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O sol se pôs e a cidade começou a brilhar!

Havíamos separado alguns restaurantes que queríamos conhecer e de forma muito natural nossa viagem surpreendentemente se transformou em uma grande descoberta de locais com culinária mediterrânea – era hummus e pão pita no mínimo duas vezes por dia, todos os dias! hahaha

Ao menos pela manhã, comíamos hummus no hotel, onde improvisamos durante vários dias um café da manhã no quarto – no hotel não havia café da manhã, mas sim uma vendinha onde poderíamos comprar algumas coisas, como iogurte, suco e lanches, ou um bar/restaurante com algumas opções, boas porém carinhas. Com o valor que pagamos no primeiro dia no café do hotel, compramos muitas coisas gostosas no Whole Foods e no Trader Joe’s (nosso preferido!!) e passamos muito bem em nosso quarto mesmo, onde tinha frigobar e cafeteira!

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Uma foto apenas para ilustrar o café da manhã do restaurante/bar do hotel!O sanduíche é meu e o ovinho do Pablo!

Ficamos no Even Hotels – Brooklyn, e nossa experiência lá foi ótima! O hotel é bem novo, bem limpo e as pessoas são super prestativas. A localização é bem boa, próxima a muitas linhas de metrô que levam diretamente para pontos chave de Manhattan, assim como há algumas boas pedidas pela região (que também ficam para um próximo post).

Sei que foram dias deliciosos! Uma semana de muita andança, ótimos passeios, de frio e calor (e nunca um meio termo) e comidas deliciosas! Fico agora contando os dias para a próxima vez que voltar pra lá, porque sim, temos que voltar! Nova York é um lugar para ir e retornar e retornar de novo. É um local onde você pode viver várias viagens de uma só vez ou em vezes separadas, se você quer arquitetura, vai ter, se você quer gastronomia, vai ter, se você quer esportes, vai ter, se você quer compras, vai ter, se você quer música, vai ter, se você quer arte, vai ter. Vai ter tudo junto, ou tudo separado, como você quiser! E eu com certeza quero tudo isso e cada vez mais!

Finalizo aqui o primeiro post da série de Nova York, incrivelmente feliz por ter tido essa oportunidade e por ter feito desses dias os melhores possíveis! Aguardo ansiosamente pelos próximos!

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Sparkling Moments

Há talvez mais de um ano, numa noite qualquer em que o Paulovic pensava sobre uma apresentação na qual ele precisava contar sobre a vida dele, me veio à cabeça um, digamos, “termo”, que desde então nunca mais saiu: sparkling moments.

SPARKLING

Sparkling é uma palavra em inglês que, ao pé da letra, significa “cintilante”, mas que também é usada para nomear os vinhos aqui chamados de espumantes. Reza a lenda que Dom Pérignon, tido como o “inventor” da champagne, ao provar a bebida pela primeira vez, séculos atrás, disse, maravilhado: “Come quickly, I am drinking the stars”. Ou seja: “Venha rápido, eu estou bebendo estrelas”. Eu, amante de vinhos espumantes, juro que essa é a minha sensação, toda vez: estar bebendo estrelas. Se você nunca pensou nisso, considere numa próxima oportunidade.

Esse é um pano de fundo para explicar o meu conceito dos sparkling moments, que são aqueles momentos, aqueles detalhes, aqueles instantes, que borbulham em nossos corpos e em nossas memórias, como as bolhas dos espumantes: como estrelas. Talvez, e dependendo da intensidade, como fogos de artifício, cintilantes.

Pare um momento agora e tente pensar na sua vida a partir dos seus sparklings moments. Quantas coisas boas vivemos, que muitas vezes esquecemos ou nem percebemos. Para viver um sparkling moment é preciso apenas estar presente, atento, e guardar na memória o sentimento que aquilo te trouxe. Uma sensação, um cheiro, uma imagem, um som…

Eu consigo me lembrar de muitas coisas, algumas grandes e outras um tanto singelas: meu irmão me mostrando a lista de filmes que ele havia selecionado para eu assistir quando criança, para crescer sendo uma adulta legal, conversas com a minha irmã enquanto crescia, meu pai me contando histórias para dormir, o cheiro da minha mãe e o calor de seu colo; o dia em que peguei a Samantha, minha cachorrinha, de dentro de uma cestinha e a trouxe para nossas vidas, tardes com meus amigos de infância em Pirajuí, algumas noites também; o dia em que descobri que estava apaixonada pelo Paulovic e nosso primeiro beijo e, depois, nosso primeiro beijo novamente; um momento muito particular em que eu e a Michele, amiga-irmã que ganhei na faculdade, encontramos a Camila, outra amiga-irmã, sentada numa escada externa do prédio da Arquitetura, no primeiro dia de aula, quando nenhuma de nós fazia ideia de quem a outra era; assim como, anos depois, o abraço apertado que demos, juntas, aliviadas, extasiadas, orgulhosas umas das outras, no nosso último instante como estudantes, quando juntas recebemos notas máximas em nossos trabalhos de conclusão de curso; quando voei de avião pela primeira vez e percebi que aquele lugar, no céu, era meu; o dia em que recebi a notícia de que seria tia e o dia em que vi a Maluzinha nascer – uma experiência surreal, como nunca havia sentido antes, a de ver um ser humano que antes não existia entre nós, existir, e sentir um amor que simplesmente nasceu junto -; a primeira compra no mercado que fiz, sozinha, para o meu apartamento em São Paulo; um domingo que passei em claro pois estava noiva – mas ainda em segredo, por outros motivos da vida -, o momento em que eu e Paulovic compramos as passagens para nossa tão sonhada viagem para a Europa e aquele primeiro segundo em que saí do metrô em Barcelona, pela primeira vez; nessa mesma viagem, o instante em que, em meio à garoa fina de uma noite de primavera em Paris, o Paulovic se ajoelhou diante da Torre Eiffel iluminada, e me pediu novamente em casamento, sob aplausos de pessoas que paravam para ver se a resposta seria sim; quando recebemos a chave do nosso apartamento em Campinas e quando entrei, vestida de noiva, na Igreja mais linda, na tarde mais linda, em meio a todas as pessoas que mais amo, para dizer, novamente, sim, e fui levada ao altar por uma música tão particularmente escolhida, tocada com todo o carinho por dois grandes amigos, especialmente para mim; quando pela primeira vez desembarquei em São Francisco na estação do Caltrain e quando, finalmente, subi no topo do mundo em Nova York; a noite em que saí da Disney saltitando, abraçada com o Paulovic e com a Helga, uma das minhas melhores pessoas, depois de um dia mágico; quando pude abraçar toda a minha família novamente ao retornar ao Brasil e sentir o cheiro da minha mãe – esse é inigualável -; aquela manhã em que nossos corações se cruzaram com o da Pipa.

Esses momentos existem e são inúmeros, são maiores e menores, mas nossa vida pode ser contada a partir deles. São os que fazem nossos corações darem pulinhos de alegria, aquela sensação pulsante na boca do estômago, na garganta, no corpo inteiro. Não é preciso viver um filme, é preciso apenas estar vivo e atento. E não deixar que esses momentos passem sem o sabor das estrelas.

Imperfeição.

Outro dia tirei uma foto estilo 3×4. A princípio, gostei muito da imagem: as áreas iluminadas e sombreadas que a luz natural proporcionava à geometria dos meus contornos (especialmente ao furo no queixo, herança do meu pai e que tanto me agrada) a maneira como meu cabelo caía ao lado do meu rosto, as sobrancelhas arqueadas, a cor levemente rosada da minha boca, a escolha acertada da roupa, com uma gola clara compondo bem com o fundo branco. Mas a satisfação durou apenas um momento, até que meus olhos se atentassem fixamente a um detalhe: uma pequena curva que meu nariz faz, lá no topo. Que nariz torto, pensei, incomodada e quase que com vergonha.

Passaram-se alguns dias e a ideia do nariz torto permanecia me atormentado, até que me lembrei de quando ouvi dizer sobre wabi-sabi, um conceito (se é que posso dizer assim) japonês que, para resumir em pouquíssimas palavras, fala sobre a beleza da imperfeição. Foi no mesmo instante em que conheci esse conceito, que me identifiquei.

Meu eu-arquiteto ama uma imperfeição. Eu uso a imperfeição e muitas vezes projeto para valorizar exatamente aquilo que é imperfeito.

Pessoas imperfeitas não me incomodam. Pelo contrário, tento entendê-las e, tantas vezes, passo a admirá-las.

Portanto, meu próprio pensamento, desde o segundo em que despontou na minha cabeça, me fez sentir a náusea da incoerência.

Imagine que estamos olhando uma parede branca, exposta ao tempo, e vamos analisá-la. À primeira vista ela pode parecer apenas um plano branco, mas com um olhar atento, começamos a perceber alguns detalhes. Num ponto, há a textura de um chapisco que não foi bem tratado; próximo ao topo, vemos manchas amarronzadas que em algum momento começaram a escorrer lentamente, quase que como a calda de um bolo; numa quina, temos uma parte trincada, deixando à mostra um pedaço de tijolo – dentre tantos outros pormenores. Tudo isso está estragando a parede agora, que por ser branca deveria ser imaculada. Será?

No chapisco está a mão do pedreiro que colocou a parede em pé, nas manchas amarronzadas estão as marcas das chuvas e dos ventos que por ali passaram, e o trinco, que pode ter acontecido por inúmeras razões (talvez por uma criança que bateu ali, aprendendo a andar de bicicleta?), mostra do que é feita essa parede. Ela não é um plano branco, ela tem materiais que a constituem. Ela tem história.

No meu apartamento fizemos uma parede com textura que imita cimento queimado, e minhas partes preferidas são exatamente as porções em que ela é mais imperfeita. Onde o pintor voltou a espátula e há um acúmulo da massa e da tinta, onde a direção da pintura mudou, quase que sem querer, onde há uma parte mais clara e outra mais escura. Essas manchas mostram que ali houve um processo, que foi a mão de uma pessoa que passou, por horas ali, uma espátula de massa e tinta. São as impressões do processo – hoje, inclusive, já escurecidas pelas marcas das patas da minha cachorra.

Podemos encontrar, no processo que leva à imperfeição, a beleza da vida, da história, das particularidades de cada ser animado ou inanimado.

Naquilo que podemos julgar de imperfeito na personalidade de uma pessoa é onde reside exatamente a sua natureza humana, abrindo espaço para abraçarmos o que parece perfeito.

Olhei novamente a foto. O nariz vai permanecer para sempre torto. E ao lado da sobrancelha, vejo agora uma marca de expressão, que a maquiagem daquele dia não foi capaz de cobrir. Talvez ela esteja aí para me lembrar que ao buscarmos a nossa perfeição, podemos nos descobrir ainda mais imperfeitos. E não há nada de errado nisso.

É o tempo fazendo seu papel com maestria. É o que nos diferencia. É a história que vivemos. E exatamente aí podemos encontrar muita beleza.

Você não está sozinho (uma leitura sobre 13 Reasons Why)

** ATENÇÃO!!! Esse texto pode conter spoilers!!! **

Comecei a assistir a 13 Reasons Why num final de semana, sem saber exatamente do que se tratava, completamente influenciada pelo bafafá no facebook e instagram. Posso dizer que fiquei até um pouco surpresa com o conteúdo e bem “presa”, logo no primeiro episódio, pra saber no que aquilo tudo ia dar.

Eu não sei dizer com clareza se gostei ou não. Mas posso afirmar, com certeza, que a série, a história em si, me pareceu rocambolesca demais, com pontas soltas demais, com partes estranhas demais (mas talvez assim também seja a vida), mas eu gostei, e muito, do que ela me fez pensar.

O que me prendeu até o fim foi a curiosidade de entender qual teria sido o grande motivo – o final da história. Ou se não teria um. Não é meu papel (nem de ninguém) julgar as razões pelas quais uma pessoa tomou uma decisão, principalmente se tratando de algo tão sério quanto o que é passado na série, mas, para mim, a coisa lá estava muito além das pessoas, de seus atos e das situações ruins: o grande motivo é que a Hannah (a personagem principal) não soube aceitar ajuda.

Já se passou um tempo desde que terminei de assistir e cada vez mais isso me fica claro. Ela esperou tanto que alguém a ajudasse, mas não soube aceitar a ajuda quando chegou – porque, muitas vezes, ela não chega completamente clara. Ou, ainda, não soube expressar exatamente o que precisava para quem poderia ajudá-la: seus pais, o Clay (o outro personagem principal), o orientador da escola…

E aí reside um ponto que eu acho crítico. Pessoas em situações parecidas com a da Hannah, com tantos conflitos e inseguranças, tendem a se sentir completamente sozinhas, desamparadas, como se não houvesse ninguém no mundo capaz de entendê-las.

E não precisamos ir muito longe. Temos incontáveis músicas, filmes e livros, expressando esses sentimentos, tão característicos dos adolescentes (e que podem assolar a qualquer pessoa, em qualquer momento da vida também).

Mas da maneira como isso foi exposto na série me parece um pouco irresponsável. Pode ser um trigger fortíssimo para alguém já fragilizado.

Eu acho que, sim, eles cumpriram seu papel em abrir os olhos a um assunto tão sério quanto o suicídio e colocaram em discussão temas delicados, presentes no cotidiano e muitas vezes “encobertos”, como o bullying e o estupro. Mas falharam em não terem colocado em pauta essa questão, que na minha opinião é a principal e pode ser, literalmente, o salva-vidas em inúmeras situações: pedir e aceitar ajuda.

É muito comum vermos apenas a casca das pessoas, o que elas querem nos passar – é dificílimo entendermos as camadas que estão abaixo da primeira, principalmente se não conseguimos uma abertura. É ainda mais fácil nos fecharmos em nosso sofrimento e esperarmos que alguém faça uma mágica, quebre as nossas cascas, e faça com que tudo fique bem e se resolva.

Aceitar que se precisa de ajuda é algo difícil. Pedir é mais ainda. Mas, infelizmente, nem sempre as pessoas vão saber ler as entrelinhas, por mais que você seja, sim, muito valioso para elas.

E a contrapartida é igualmente importante. Não podemos subestimar o sofrimento de outra pessoa, por mais que nos pareça pequeno – nós nunca sabemos tudo o que está por trás. Temos que ter os ombros preparados e, muitas vezes, precisamos insistir em oferecer nossa ajuda.

Para ambos os lados é preciso coragem. Mas vale a pena, eu garanto.

[fonte da imagem de feature aqui]

Casa de Maria Bistrô: Grand Campinas Restaurant Awards | Maio de 2017

Antes de começarmos, um parêntesis: por conta das idas e vindas da vida, não conseguimos ir ao restaurante de abril… Então, em algum mês teremos dois! =)

*

A escolha do restaurante de maio foi super difícil… A dura decisão do lugar para comemorarmos nosso aniversário de casamento! Passamos e repassamos a lista, fomos e voltamos em várias ideias, até que decidimos pelo Casa de Maria Bistrô. Já tínhamos tido uma boa indicação e gostamos bastante do cardápio que vimos no site. Gostaria muito de ter encontrado mais fotos do ambiente – procurei incansavelmente e sem sorte, mas resolvemos arriscar.

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Comemorando!

Reservamos antes para garantir, mas acabamos sendo os únicos clientes daquela terça-feira, dois de maio, pós muitos feriados e restaurant week. Ou seja, tivemos o restaurante inteiro para escolher, hehehe.

Preferimos sentar numa área externa, coberta mas em contato com a rua – essa sempre vai ser nossa escolha, a menos que esteja uma tempestade! O ambiente é agradável, com ares rústicos, uma música boa de fundo, iluminação na medida e uma velinha acesa em cima da mesa!

O atendimento foi bom, mas não excelente. Eu, sinceramente, esperava um pouquinho mais. Sabe aquele “brilho nos olhos” do garçom, que te atende com cuidado? Então… Éramos o único casal, o que provavelmente estava bem chato pra eles, mas também me fez pensar que deveríamos ter sido um pouco mais “bem cuidados”, enfim.

Antes de qualquer coisa: duas taças de espumante. Maravilhosas, geladinhas! Não tem como ser uma comemoração sem umas bubbles, não é mesmo?

Começamos por uma entrada: o crostini de brie com calda de caramelo trufado e farofa de nozes. Recebemos um prato muito bem montado, com cada crostini em uma colher linda e diferentona, o que já encheu nossos olhos. Estava bem gostoso – afinal é difícil algo ser ruim quando se tem trufas envolvidas hehehe – mas nos deu a impressão de que seria algo mais quentinho, não sei. Quando eu li o nome, confesso que achei que fosse vir um brie empanado, hahaha. De qualquer maneira, estava muito bom! Mas temos aí nossa primeira ressalva: todas as entradas são muito caras. Muito mesmo. Por melhor que estivesse, parecia bem desproporcional.

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Os crostinis nas colheres lindas!

Nesse momento pedimos o vinho da noite, o Estrella Cabernet Suavignon – direto da Califórnia. Obviamente, uma decisão levada única e exclusivamente pela emoção do momento (eu sou completamente assim). Eu gostei bastante, o Paulovic gostou médio – mas ele é mais exigente do que eu mesmo! Um sabor bem típico da Califórnia, um pouco suave, um vinho fácil de tomar, eu diria.

E daí ficamos ponderando se pedíamos ou não outra entrada e acabamos decidindo por não pedir, para comermos duas sobremesas – vínhamos comemorando o aniversário de casamento há dias e, sinceramente, já havíamos comido muito no fim de semana e no feriado, hahahaha. Mas gostaria de ter experimentado os bolinhos de arroz e alguma salada também, que pareciam ótimas.

A escolha dos pratos principais gerou muita, mas muita dúvida mesmo! Fazia tempos que eu estava com vontade de comer nhoque, e o nhoque recheado deles parecia maravilhoso. Daí me chamou a atenção um prato de truta com creme de pupunha e queijo e arroz de camarão com castanha de caju. Mas no fim eu resolvi pedir o risoto de bacalhau, com migas de pão italiano, amêndoas torradas e mascarpone temperado com azeitonas e alho crocante. Eu tenho certeza de que foi uma ótima escolha! Estava delicioso (melhor que o do Don Manoel), bem cremoso e quentinho, com bastante queijo derretido puxando no garfo! As amêndoas torradas dando um crocante especial por cima, um sabor bem acentuado. Bem típico de comidas que me agradam – uma ótima escolha!

 

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Meu risoto!

Pablo, pobrezinho, queria muito pedir as costeletas de cordeiro grelhadas ao molho de café, pimenta verde e raspas de laranja, servido com risoto de parmesão em lascas e espuma de pistache. Confesso que fiquei super curiosa pra saber como seria esse molho de café e até me arriscaria a provar um pouquinho, mas estava indisponível… A segunda opção dele era um prato com pato, que também não estava disponível. Ficamos num empasse. Ele acabou pedindo o gnocchi de batata com molho de funghi porcini, linguiça artesanal e mussarela de búfala gratinada. Provei o nhoque, claro, e tive a mesma impressão que depois ele também me disse: estava gostoso, mas não estava, digamos, tenro. Sabe aquele nhoque molinho, que parece se desmanchar na boca (eu sigo com vontade hahaha)? Então, lá o nhoque era um pouco mais consistente (não duro, só não era molinho) e “escorregadio”, mas ainda assim bem gostoso! Talvez ele tivesse sido passado em muita manteiga? Não sei… Ele disse que o molho estava muito bom, mas muito mesmo, e leve (molho rosé, muitas vezes, tem o perigo de ter um pouco de gosto de farinha, né?) e a linguiça estava gostosa também.

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O prato do Pablo, que tira fotos muito melhores que eu!

E, finalmente, a escolha das sobremesas!

Pablo resolveu rapidinho que queria o pudim de tapioca com calda de gengibre. Ele adorou! Eu também provei e gostei, mas instantaneamente me trouxe uma sensação muito forte de restaurante japonês. Era muito, mas muito, gengibre mesmo! Quem não for grande fã pode acabar fazendo uma escolha ruim levado pela chamada da tapioca. Mas pra ele não foi um problema!

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O pudim de tapioca com calda de gengibre.

E eu, que dúvida cruel… Fiquei dividida entre a torta quente de chocolate com avelãs torradas, calda de frutas vermelhas e sorvete de creme e o brownie de chocolate branco com doce de leite, calda de chocolate amargo e sorvete de macadâmia. Escolhi o brownie por dois motivos: o sorvete de macadâmia e o fato de eu ter um pouco de implicância com brownies em cardápios de restaurante, pois quase sempre me parece uma opção meio sem personalidade, colocada lá só porque não tem erro. Mas esse parecia especial – e foi – e combinava com o lugar! De fato, que escolha maravilhosa! A calda de chocolate amargo e o sorvete de macadâmia, que também não era tão doce, equilibraram perfeitamente a doçura do brownie e do doce de leite.

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Não tinha uma foto boa do meu brownie!! A luz estava bem ruim do meu lado… =(

E foi com esse excesso delicioso de doçura que finalizamos nossa passagem pelo Casa de Maria Bistrô! Foi uma noite muito especial para a gente, comemorando nossos dois anos de casamento e nove anos juntos! Eu ouso dizer que, se não estivéssemos nessa vibe tão boa e emotiva, talvez a nossa análise sobre o restaurante fosse um pouco diferente, principalmente por conta do atendimento e do custo benefício.

É um lugar bem caro, tão caro quanto o Don Manoel e também com umas questões meio desproporcionais, como o caso das entradas, mas a comida é bem gostosa, o ambiente também, a carta de vinhos tem opções boas.

Mas uma coisa que percebemos, vendo o cardápio, é que eles têm algumas alternativas de almoço executivo que parecem muito interessantes a um preço razoável! Acho que é uma boa maneira de conhecer!

E agora, vamos pra mais uma dúvida: o restaurante de junho, que provavelmente será o nosso restaurante do Dia dos Namorados!! Aceitamos sugestões!

Até a próxima!

DON MANOEL

Casa de Maria Bistrô

No frigir dos ovos: Talvez valha a pena começar pelo almoço executivo!

Faixa de preço (jantar completo para dois – dividindo a entrada, mas tomando mais espumante ): de R$350 a R$400,00

Endereço: Av. Romeu Tórtima, 368 – Barão Geraldo- Campinas/SP

http://casademariabistro.com.br

@bistrocasademaria

 

Amar é decisão!

Minha mãe sempre me disse que amar é decisão. Quando eu era pequena não conseguia entender exatamente o que isso significava, mas ela nunca deixou de falar. Eu mal sabia que estava recebendo um dos maiores e mais preciosos ensinamentos que poderia ter.

Muitas vezes imaginamos que um dia vamos encontrar o grande amor das nossas vidas e a partir de então tudo vai dar certo. E, sim, isso pode acontecer, mas só se você decidir, de fato, amar aquela pessoa – e então aceitá-la e cuidar dela como o grande amor da sua vida.

Hoje faz dois anos que me casei, no mesmo dia em que eu e Paulovic comemoramos nove anos juntos. Dos meus 27, nove foram ao lado dele. E ao mesmo tempo em que soa como muitos, também se parecem tão poucos.

O nosso amor nasceu, e eu vivenciei isso de maneira muito palpável. Fomos amigos que, um belo dia, olharam um para o outro numa festa de carnaval e disseram: “ué, mas o que está acontecendo?”. Minha irmã se lembra muito bem de que eu a acordei de madrugada, assim que cheguei em casa, só pra dizer que estava apaixonada por ele. Eu estava completamente apaixonada. Assim, de repente. Fomos um amor de carnaval que foi pausado na quarta-feira de cinzas, mas não morreu. Amargamos um ano separados, até não aguentarmos mais.

Mas apesar disso, tenho certeza de que se estamos aqui hoje é porque construímos um amor verdadeiro juntos.

Namoramos à distância até nos casarmos – o que nos deu muitos, e muitos, quilômetros de estrada e minutos na TIM – além, claro, dos incontáveis e-mails e testemunhos nunca aceitos no orkut.

O fato de estarmos separados nos fez compreender profundamente um ao outro. Nos fez entender na pontuação dos textos exatamente o estado de espírito e no tom do nosso “alô” o que estávamos sentindo. Não poder olhar nos olhos todos os dias nos ajudou a prestar atenção em cada palavra e a aproveitar ao máximo cada momento em que estivéssemos fisicamente lado a lado.

Fez crescer a nossa parte mais importante: o companheirismo. Não há dúvidas de que ao nosso lado está alguém disposto a estar presente, mesmo que distante. A participar dos planos, a dividir as angústias, as mágoas e a transbordar a felicidade. Alguém disposto a ouvir, muitas vezes, assuntos de que não entende, e a tentar ajudar de alguma maneira – nem que seja apenas com um abraço. Alguém disposto a dar a liberdade necessária para ver o outro crescer e realizar seus próprios sonhos. E se teimamos em fazer algo que vai contra esses sonhos, estamos aqui para dar bronca atrás de bronca, até o juízo voltar à cabeça!

Tudo isso são decisões diárias de estarmos exatamente onde estamos e de sermos cada vez melhores. São nove anos decidindo e nove anos vivenciando, aproveitando e aprendendo com o que essas decisões trazem.

E isso vale para todos os tipos de relação: amar é a decisão de aceitar a pessoa como ela é, mas de ajudá-la a ser cada vez melhor, de querer ser o melhor possível para ela, de passar pelos momentos complicados com a mesma união com que compartilham os momentos incríveis.

Hoje faz nove anos que tomamos uma das maiores decisões de nossas vidas, e eu só posso agradecer por ter tido a oportunidade e a sabedoria de não deixá-la escapar. E de ter ao meu lado uma pessoa especial, que decidiu me amar e estar aqui também – exatamente aqui.

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[Fotos: Flash Foto Pirajuí]

Portugal – Parte 3: De volta a Lisboa.

Para essa última parte da viagem, escolhemos ficar em um hotel, o HF Fênix, muito próximo à praça e estação de metrô Marquês do Pombal. O hotel é ótimo, mas não tem grandes diferenciais. Embora seja muito bem situado, para o nosso estilo de viagem, preferimos a localização do Airbnb que ficamos assim que chegamos (nesse post!).

Chegamos à noite em Lisboa, e super cansados, então resolvemos apenas jantar por perto do hotel para descansar e aproveitar melhor o dia seguinte – aniversário do Paulovic!

Encontramos pelo Foursquare um restaurante nepalês nas proximidades e resolvemos experimentar – o Restaurante Monte Everest. Não vou me lembrar exatamente tudo o que comemos (que não foi pouco, porque amamos esse tipo de comida), mas estava delicioso! Outra coisa que amamos em restaurantes indianos e afins são os utensílios usados para servir. São tão lindos, quase sempre feitos de metal, e tenho vontade de ter tudo igual em casa – além de que geralmente tudo vem em potinhos e eu amo comer comida direto de potes, hahaha. A única coisa que sei com certeza é que eu pedi de prato principal o chicken tikka masala (peito de frango grelhado e guisado com molho de castanha de caju, tomate, natas e especiarias). Maravilhoso, porém mais pesado que o tipo de curry que costumamos comer (geralmente com leite de coco), por ser com creme de leite. Pedi com intensidade de 50% de pimenta (é bom termos um pouco de cuidado em restaurantes que não conhecemos, por mais que estejamos acostumados com comidas apimentadas) e, sinceramente, não fez nem cócegas. Pra falar a verdade, nem o do Paulovic, com 70% estava muito apimentado, mas acho que queimamos um pouco nossa sensibilidade para pimenta em nosso período na Califórnia, hahaha.

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Uma foto feia de um jantar delicioso!

Dormimos felizes e ansiosos pelo próximo dia, cheio de comemorações!

Naquele 11 de outubro, chegamos ao café da manhã e tinha uma fila de espera, então tivemos que dar nossos nomes para um hostess. De fora do restaurante ouvíamos o som de rolhas estourando e a ansiedade só crescia. Eu amo aniversários, não só os meus, mas os das pessoas que amo também! Acho que devemos comemorar e muito a nossa presença nesse mundo, da melhor maneira que pudermos!

O buffet do HF Fênix é enorme! Com certeza qualquer pessoa sairia de lá super satisfeito! Não me lembro o porquê nem em que momento, mas falamos para o hostess que era aniversário do Paulovic e rapidamente ele nos serviu duas taças de espumante (que descobrimos ser sem álcool…=/). Pegamos nossos pratinhos e fomos nos servir – eu adoro café da manhã de hotéis principalmente quando tem umas opções diferentonas, como refogado de berinjela, abobrinha e cogumelos ou tomates grelhados – coisas que não faríamos em casa tão facilmente de manhã, mas que são sensacionais!

Quando voltamos à mesa as luzes de apagaram e eu achei que tivesse caído a energia. Quando, de repente… surge uma galera cantando parabéns pra você, trazendo um bolo com velas espalhafatosas para o Paulovic! Meu Deus! Uma das experiências mais inusitadas das nossas vidas, um restaurante de hotel inteiro olhando pra gente! hahahahaha

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Uma foto bem ruim, só pra mostrar o bolinho fofo!

Resolvemos pegar a barca no Cais do Sodré e atravessar o Tejo até Almada, outro passeio que fizemos sem pesquisar e quase nos demos mal. Na verdade, a travessia é bem legal porque quando o sol bate na água é possível ver águas-vivas gigantes brilharem lá dentro. São milhares e algumas realmente enormes. Mas chegamos em Almada e não sabíamos muito o que fazer, andamos um pouco de um lado pro outro, meio sem rumo – o Paulovic tirando umas fotos lindas.

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De lá de Almada.

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Almada.

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Pablo e a gaivota.

Mas já próximo de umas duas da tarde resolvemos voltar e almoçar novamente no Mercado da Ribeira.

Naquele dia estava particularmente cheio, embora já passasse das 14h, e eu só não briguei com uma moça que foi extremamente mal educada comigo nas mesas (são grandes mesas, compartilhadas por várias pessoas) porque, dizem (e às vezes eu acredito), sou muito calma – mas ela me tirou do sério.

Eu escolhi o restaurante do chef Henrique Sá Pessoa e pedi o bacalhau batoteiro com cenoura e espinafre. Sério, que escolha maravilhosa! É um prato único, quase que como um fricassé (embora não seja uma comparação à altura) – o bacalhau desfiado com batata, cenoura e espinafre, tudo unido por um creminho que tem algum tipo de queijo cremoso. É, apenas, incrível!

Pablo foi no restaurante do chef Alexandre Silva e pediu a barriga de porco confitada (com molho teriyaki, purê de ervilhas e couve pak choi), que, disse, também estava deliciosa! Eu experimentei o purê de ervilhas e posso dizer que pelo menos isso estava muito bom!

Depois ficamos apenas andando pela cidade, conhecendo algumas partes novas, voltando a outras antigas, e voltamos ao hotel para nos prepararmos para o jantar que havíamos reservado para as 22h.

Desde que começamos a pesquisar sobre a viagem, o Mini Bar estava na nossa lista dos bares/restaurantes que teríamos que ir! O que não esperávamos era que seria uma das melhores experiências da nossa vida.

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E a foto ruim pela falta de iluminação?!

Nos parâmetros do nosso Grand Campinas Restaurant Awards, ele ganharia cinco garfinhos com honras!

A grande premissa do bar é servir “mini comidas” cheias de surpresas! Por estar no local de um antigo teatro, seu cardápio é separado por atos e as bebidas ganham classificações como “comédia”, “musical”, etc.

Resolvemos, então, “compor nossa peça” e experimentar de tudo um pouco a que tivéssemos direito!

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MINI BAR

Começamos com duas taças de espumante, depois pedimos uma garrafa de vinho tinto e, por ser aniversário do Pablo, ele ganhou um par de margueritas de maçã verde (digo par porque eram tipo dois quadradinhos, algo meio gastronomia molecular) – ou seja, em algum momento as lembranças estão meio embaralhadas! hahahaha

Fomos super bem atendidos por todos que passaram pela mesa e conversamos um pouco com o casal ao nosso lado, que vinha de Dallas e nos indicou pedir o “cornetto” temaki de tartáro de atum com soja picante. A princípio ficamos um pouco relutantes – temaki num restaurante como aquele? Que inocentes…

Começamos com o mini petisco mais badalado da casa, que o garçom disse que precisávamos experimentar, chamado Ferrero rocher, parece que é mas não é! Quando chegou, realmente era idêntico a um ferrero rocher. Eu estava disposta a comer o que fosse, inclusive a experimentar algo com carne, se me parecesse bom, e coloquei de uma vez na boca. Pra me arrepender amargamente. Era uma casquinha de cacau com avelãs, como no bombom mesmo, mas o recheio era de foie gras, uma das piores coisas que já comi na vida, sem sombra de dúvidas. E eu não sabia o que era, só fui saber depois, então não estava condicionada a não gostar – mas, acreditem, não comeria novamente de jeito nenhum.

Depois, pedimos o “frango assado” com creme de abacate e requeijão. Sabe o que era? Um mini pedaço de pele de frango muito crocante, com o creminho por cima. Se estava bom? Pedimos pra repetir!

Mas a grande pedida da noite, sem sombra de dúvidas, uma das melhores coisas que já comemos em nossas vidas, foi o tal do “cornetto” temaki de tartáro de atum com soja picante. Acho que posso dizer que era uma releitura de um temaki, pois era um temaki, só que diferente. Muito maravilhoso! Aquelas mini mordidas foram, com certeza, uma experiência inesquecível.

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Inesquecíveis mini mordidas!

E, então, pedimos os “pratos principais”, o atum braseado com cebolinho e molho de miso e o quente e frio de escabeche de bacalhau com vinagre de framboesa.

Não sei se a esse ponto preciso dizer que estava maravilhoso, mas vale a pena ressaltar!

O Mini Bar foi uma experiência gastronômica sem igual! Tudo ali harmonizava, desde a comida cheia de surpresas, do início ao fim, à bebida que fazia sentido, passando pelo ambiente super agradável, com a luz e a música corretas, a disposição das mesas que nos possibilitou conversar com o casal ao nosso lado ao mesmo tempo em que pudemos ficar mais tranquilos quando quisemos, um atendimento impecável.

Voltaria lá mil vezes – e espero muito voltar!

Nosso último dia inteiro em Lisboa foi chuvoso e combinou perfeitamente com o programa que havíamos reservado, o Oceanário.

A região do Parque das Nações foi uma surpresa também! Muito distinta do que havíamos visto até então de Lisboa, uma área super empresarial com uma vibe bem diferente.

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Estação do Oriente – projeto do Calatrava.

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Estação do Oriente – projeto do Calatrava.

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Estação do Oriente – projeto do Calatrava.

Queria muito conhecer a Estação do Oriente, projeto do Calatrava, mas o que me impressionou mesmo e me fez ficar um bom tempo embasbacada (com aquela sensação de “por essa eu não esperava” foi o Pavilhão de Portugal, projeto do arquiteto português Álvaro Siza, para a Expo 98. Uma levíssima cobertura de concreto que parece flutuar, embora tenha apoios robustos de ambos os lados, enquadrando o Tejo com uma delicadeza que me faltam palavras para descrever. Ficamos um tempão ali. E se você é arquiteto e eu puder sugerir uma obra que você tem que conhecer em Lisboa é essa.

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Pavilhão de Portugal para a Expo 98.

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Pavilhão de Portugal para a Expo 98.

Quanto ao Oceanário, não vou dizer que é imperdível. É muito legal, para um dia de chuva, então, é perfeito, mas eu não voltaria e talvez nem tivesse ido, se não estivéssemos indo para a região também para conhecer a Estação do Oriente e o Pavilhão de Portugal. Agora, se você tem uma criança, vá correndo e passe o dia inteiro lá!! Posso garantir que ela vai amar.

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Parece um pinguim, mas não é! (Mas lá tem pinguins também!)

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Como não amar lontras que se amam?

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O tal do Peixe Lua!

Acho que por aqui já posso ir finalizando essa viagem que foi tão especial!

Como disse no primeiro post (aqui!), não nos preparamos tanto para ir a Portugal, mas nos demos muito bem! Passamos por um perrengue no começo, mas tivemos cada vez mais boas supresas! A comida e a bebida são um caso à parte! O sol, a luz, são incríveis. A arquitetura também. Porto é apaixonante, Lisboa tem aquele dinamisco de um grande centro urbano.

Para quem ama vinho, como nós, podemos dar uma dica: leve espaço pra trazer bastante! E você pode comprar plástico bolha pra embalar antes de por na mala na Pollux! hahaha

Aliás, não posso deixar de colocar minha última foto no Chiado com uma participação especial (e, acredite, é bem difícil conseguir tirar essa foto! hahaha)

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Eu e o Fernando Pessoa (é tanta gente em volta da estátua dele no Café A Brasileira que só no último dia tive coragem de encarar tentar tirar essa foto! hahaha)

Então, ficamos por aqui com mais um relato de viagem! Essa série foi bem extensa, então muito obrigada pra quem chegou até o fim com a gente!

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Até a próxima!!